sexta-feira, 15 de abril de 2011

Prólogo

Dizem que os humanos temem a morte, mais do que temem a si próprios... Mas que são estúpidos – ao ponto de se lançarem a ela repetidas vezes...

De certo, aquela sempre fora a parte mais difícil para mim. Ter de me associar a eles dum jeito diversificado, era de fato algo bem difícil, mas não matá-los era sem duvida algo terrível. Eu podia sentir a inquietação neles... E me conscientizava de que eles não gostavam disso tanto quanto eu.

Os dias pareciam se estenderem por décadas, e mesmo não podendo me cansar de fato, sentia-me farto de toda aquela excitação aterradora que sibilava ao passar rangente por minha garganta, como se o dissabor pela hesitação doesse tanto que seria provável eu vomitar giletes.

A tensão no ar se tornava tão palpável que estava me sufocando; quase impossível de se respirar. Eu conseguia encontrar um sentido benéfico na vida, quando minha parte humanamente viva se tornava algo persuasivo. Mas era inevitável desprender-me da parte maléfica que rejubilava em algum lugar na superfície de minha pele – que tentava o meu monstro interior a mostrar-se ao mundo... A parte em que ansiava pelo sangue dos humanos que me excitavam...

Daquele ponto, num breve momento mal dissonado, pude enxergar tudo de outra forma, de um ângulo externo, mais coeso, embora um tanto desesperador.

Tenho os estudado feito ratos laboratoriais que são... Nestes últimos anos... Assistindo o fim trágico da escória... Vendo-os se aproximar cada vez mais da beira do precipício... Incógnitos da realidade. Estúpidos o bastante para se admitirem acabados. Presenciando o destino se desenrolar aos poucos diante de meus olhos... Cada teia, cada bifurcação, cada caminho, cada escolha, cada minuciosa calefação mal compreendida... Eu testei todas.

Mas se me perguntassem... Se me fizessem arriscar um palpite sobre o futuro, eu jamais teria cogitado a essa opção...


Bom, pessoal... Este é o Prólogo do Livro Imortal... Espero que tenham curtido..

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